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O protocolo para avaliação cognitiva, emocional e comportamental de crianças e adolescentes vítimas de violência sexual abordando aspectos sociodemográficos desenvolvido no Serviço de Psicologia e Neuropsicologia do Instituto de Psiquiatria durante mestrado da aluna Natalie Maia, com orientação do Prof. Dr. Antônio Serafim e participação da psicóloga Cristiana Castanho de Almeida Rocca aborda aspectos sociodemográficos, cognitivos e emocionais em 49 crianças (24 com história de abuso sexual e 25 sem ocorrência de abuso). Para tanto, empregou-se um questionário de avaliação de abuso sexual, avaliações clínicas do transtorno de estresse pós-traumático, indicadores de risco e testes neuropsicológicos, a fim de elaborar um protocolo específico de avaliação psicológica para essa população.

É bem descrito na literatura que abuso sexual está associado a problemas psicológicos significativos na infância, tornando cada vez mais importante o desenvolvimento de protocolos mais abrangentes de avaliação dessa população, os quais relacionam os aspectos sociodemográficos e cognitivos aos emocionais. Além de se configurar em um modelo que possa ser replicado em outras unidades de saúde no país e possibilidade de capacitar profissionais que trabalhem com esta população específica, considerando a forma de abordagem e de registros dos dados oferecidas neste protocolo.

Em relação aos dados demográficos observamos que casais conflitantes (80%), pais separados (68%) e abuso de álcool / drogas pelos pais (76%) se mostraram como os principais fatores de risco de abuso sexual. O pai representa o principal agressor (24%). A principal queixa cognitiva foi dificuldade de concentração. Quanto à associação entre variáveis clínicas e cognitivas, observou-se que crianças vítimas de abuso se mostraram mais ansiosas ou referiam medo, dificuldades com memória operacional, dificuldade para dormir e evidenciam mais dificuldades em realizar tarefas que exigiam atenção e memória (operacional, imediata e tardia). Crianças com histórico de SA demonstraram desempenho inferior em atenção visual / troca de tarefas e memória; com ênfase na perda do conjunto no teste de Wisconsin. Os achados sugerem a possibilidade de déficit de atenção primária em crianças com história de AS, possivelmente influenciando o desempenho de outras funções cognitivas.

O Brasil ainda precisa de mais estudos sobre como avaliar os aspectos emocionais e cognitivos em vítimas de SA, uma vez que também há um aumento nas solicitações de avaliações no contexto judicial.

No geral, os psicólogos estão mais familiarizados com as avaliações clínicas em comparação com a quase ausência de treinamento judicial. Assim, a realização de uma avaliação psicológica forense exige não apenas um profundo conhecimento e domínio dos fundamentos, propósito e aplicação de instrumentos psicológicos, mas também conhecimentos adquiridos sobre funcionamento psicológico normal e patológico em indivíduos e uma noção de lei. Também requer domínio consistente de psicopatologia, psicologia do desenvolvimento, personalidade (traços e distúrbios), psicologia cognitiva (processos psicológicos de atenção, memória, pensamento, etc.) e técnicas de avaliação e protocolos de entrevista forense com crianças vítimas de abuso. Dominar essas áreas permitirá que o profissional de psicologia seja capaz de identificar a maneira como a pessoa pensa (que está associada aos processos cognitivos), a maneira como a pessoa se sente (que depende de sua organização emocional e traços psicológicos) e como ela modula o padrão interação com o meio ambiente. Portanto, a possibilidade de sistematizar a avaliação dessa população por meio do estabelecimento de um protocolo referencial permitirá maior evidência de questões clínicas, sociais e cognitivas, subsidiando de forma mais eficaz os encaminhamentos, auxiliando em questões judiciais e realizando ações preventivas nas escolas e no campo da saúde mental. saúde para as vítimas de AS

Informações adicionais – Estudo foi realizado pela psicóloga com especialização em neuropsicologia Natalie Maia, sem bolsa e orientada pelo Prof. Dr. Antônio Serafim e com participação da Psicóloga Dra. Cristiana Castanho de Almeida Rocca.

Mais informações e-mail: cristiana.rocca@hc.fm.usp.br