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A psiquiatra Luciana Siqueira, do Programa Ansiedade do IPq, colaborou com matéria do Portal Drauzio Varella, sobre  fobias.

FOBIAS: TIPOS MAIS COMUNS, SINTOMAS E FORMAS DE TRATAMENTO

Há muitos tipos de fobias. Conheça os mais comuns e saiba como funciona o tratamento.

Maiara Ribeiro

Maiara Ribeiro é repórter do Portal Drauzio Varella desde 2018. Tem interesse em assuntos relacionados à saúde da criança, da mulher e do idoso.

Fobias podem ser as mais variadas possíveis. Conheça as mais comuns e saiba como funciona o tratamento.

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Publicado em: 19 de setembro de 2022

Revisado em: 19 de setembro de 2022

Há muitos tipos de fobias. Conheça os mais comuns e saiba como funciona o tratamento. 

Quem não tem medo de aranhas enormes, de insetos, de altura, de lugares fechados? Se você não se assusta nem um pouquinho com nada disso, provavelmente conhece alguém que sim. Existem medos que são muito corriqueiros, e em geral conseguimos conviver bem com eles.

Quando esses medos são desproporcionais e causam muito sofrimento ou até um prejuízo funcional na vida de alguém, pode ser um caso de fobia. As fobias são transtornos de ansiedade e podem ser classificadas em três tipos:

  • Agorafobia: medo irracional de lugares ou situações que podem causar sensação de pânico e das quais pode ser difícil escapar, como transporte público lotado, lugares fechados ou multidões;
  • Fobia social (ou transtorno de ansiedade social): ansiedade desproporcional causada por situações cotidianas de interação social;
  • Fobias específicas: medos exagerados ligados a alguma situação ou objeto, que podem ser categorizados em animais, ambiente natural, sangue-injeção-ferimentos, situacional e outros.

Dentre as fobias específicas estão aquelas fobias mais conhecidas, como medo de altura (acrofobia); medo de lugares fechados (claustrofobia); medo de aranhas (aracnofobia); medo de palhaços (coulrofobia); medo de água (hidrofobia); medo de avião (aerofobia); medo de agulha (aicmofobia); medo de sangue (hematofobia).

Fobias comuns e curiosidades

Segundo a dra. Luciana Siqueira, psiquiatra do Programa de Ansiedade do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas, em São Paulo, a agorafobia talvez seja o tipo mais comum; dentre as fobias específicas, o medo de insetos se destaca. Mas, no geral, todas as fobias são bem frequentes.

“Mas a incidência varia com a idade. Por exemplo, o medo de animais é mais comum em crianças; o medo em relação a fenômenos naturais, como chuva, trovões e relâmpagos, curiosamente, a gente vê mais em idosos”, conta a médica.

Outro fato curioso é que as fobias ligadas a ferimentos, injeções e sangue geralmente têm causa genética. A especialista afirma que esse tipo costuma ocorrer simultaneamente em parentes de primeiro grau. “Talvez seja um mecanismo de defesa biológico ao estresse.”

Também é comum a mesma pessoa ter mais de uma fobia, provavelmente porque ela já tem uma predisposição, como se tivesse um “alarme” mais sensível aos medos.

Reações frente às fobias

Nas fobias específicas, diante de um objeto ou situação fóbica, as pessoas podem apresentar sintomas como taquicardia, sudorese, náuseas, tremores, alterações de pressão arterial, comportamento de paralisia ou fuga. Nos casos de fobia em relação a sangue, ferimentos ou injeções, também é comum ocorrerem desmaios.

“Tem pessoas que têm sinais de aflição, são coisas que despertam uma certa aflição, mas ela tolera. E tem pessoas que têm reações mais graves, como correr, fugir ou até jogar longe. Por exemplo, gente que tem fobia de bonecas [pediofobia], já vimos esses casos, da pessoa jogar longe ou nem entrar no quarto que tinha [a boneca].”

Porém, a reação de evitação é mais comum do que a reação de ataque.

Nos casos de agorafobia, podem ocorrer sintomas como sensação de aprisionamento ou impotência e até ataques de pânico devido à ansiedade excessiva. Na fobia social, além da ansiedade exagerada, também pode haver sintomas de depressão e isolamento social.

Para diferenciar a fobia de um medo comum, é preciso observar o espaço da fobia em sua vida. Primeiro, é necessário lembrar que ter medo é algo normal – o medo é inclusive um fator protetor, assim como a ansiedade fisiológica. Ele nos ajuda a agir frente a uma situação perigosa, previne acidentes e impede atitudes impensadas. O que não é normal é ter um medo que limita e atrapalha a sua vida.

O sinal de alerta ocorre quando a fobia se torna limitante: a pessoa passa a maior parte do tempo evitando ter contato com o que lhe causa medo, ou muda sua rotina em função daquilo. É um medo desproporcional à situação real.

A médica dá um exemplo: você não sair em um dia chuvoso ou evitar um determinado local em que está sendo noticiado o risco de enchentes é algo completamente normal. Mas, se você passa parte dos dias checando se vai chover, se vai trovejar, se sente ansiedade relacionada a esse fenômeno quando o tempo começa a mudar, é preciso atenção.

“É diferente de um trauma, de você ter passado por uma situação de perigo real, como uma inundação, uma enchente, que você viu sua casa desabar, perdeu seus pertences. Nesse caso, é uma reação compatível, é uma reação mais traumática”, explica a médica. “Agora, a fobia normalmente é um medo que não é real, é um medo mais do imaginário. E, quando isso toma um certo tempo da sua vida e atrapalha o seu cotidiano, tem que realmente pensar em um tratamento.”

Como funciona o tratamento das fobias

O tratamento das fobias é feito principalmente com psicoterapia, que pode incluir a terapia de exposição, considerada o padrão ouro de tratamento. Essa terapia consiste no enfrentamento ao objeto ou situação que provoca a fobia. “Esse enfrentamento de início tem que ser assistido. É necessário ter um profissional habilitado para ajudar o paciente nesse enfrentamento, e isso vai reduzir os sintomas ansiosos e reduzir as reações frente ao estímulo aversivo”, explica a psiquiatra.

O uso de medicamentos também é uma opção que pode ser recomendada nos casos em que a fobia está relacionada a crises de ansiedade, preocupação intensa e prejuízo funcional na vida do paciente.

Os antidepressivos inibidores de recaptação de serotonina podem aliviar os sintomas ansiosos e eventuais sintomas depressivos que podem ocorrer simultaneamente, além de reduzir as reações como taquicardia, sudorese, tremores, pernas bambas, etc., diante da exposição ao fator que causa a fobia.

“Os benzodiazepínicos e calmantes devem ser evitados, porque não ajudam no aprendizado e no enfrentamento de forma geral. Eles podem ajudar em fobias mais situacionais, por exemplo, medo de falar em público, que remete mais a fobia e ansiedade social. Pode ajudar temporariamente, mas não é o que é preconizado”, completa.

Intervenção nem sempre é necessária

É importante destacar que o tratamento nem sempre será necessário em alguns casos de fobias específicas. Imagine uma pessoa que tem fobia de cobras, mas vive em uma cidade grande, onde nunca tem contato com o animal. Normalmente, ela pode viver bem sem o tratamento. “A necessidade de tratamento é pela demanda do paciente, pelo sofrimento”, explica a médica.

A exceção se dá quando o paciente passa mal apenas de imaginar ou vendo fotos ou vídeos, por exemplo, do que lhe causa medo, e acaba sendo exposto de forma indireta. Mas, segundo a dra. Luciana, esse tipo de situação é mais raro.

https://drauziovarella.uol.com.br/psiquiatria/fobias-tipos-mais-comuns-sintomas-e-formas-de-tratamento/