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Alan Campos Luciano e Rodrigo Martins Leite, ambos do IPq, falam sobre suicídio. Leia a matéria na Folha/Uol.

Por que falar sobre suicídio não deve ser tabu

Campanha de conscientização feita em setembro busca disseminar informações sobre tratamento e prevenção

1º.set.2023 às 16h55

Como prevenir o suicídio se não falamos sobre ele? Foi para combater o tabu que, em 2015, o CVV (Centro de Valorização da Vida), o CFM (Conselho Federal de Medicina) e a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria) inauguraram a campanha Setembro Amarelo.

Há nove anos, durante todo o mês, as organizações promovem debates e disseminam informação sobre o comportamento suicida. O dia 10 de setembro é considerado Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio desde 2003.

Para especialistas, conversar sobre o tema pode auxiliar na prevenção.

Segundo Rodrigo Martins Leite, professor colaborador do Instituto de Psiquiatria da USP (Universidade de São Paulo) há um estigma secular e cultural em torno do assunto. “Em alguns países, a tentativa de suicídio é criminalizada ainda hoje. E onde não é criminalizado, pessoas que tentam o suicídio são mal interpretadas até no sistema de saúde, o que as leva a tentar de novo”, diz.

Em média 39 pessoas morrem devido ao suicídio por dia no Brasil
Especialistas afirmam que falar abertamente sobre suicídio pode ajudar na prevenção – Adobe Stock

 

O psiquiatra Alan Campos Luciano afirma que a invalidação do sofrimento daqueles com ideação suicida dificulta a busca pelo tratamento que poderia evitar a morte. O ato é visto como uma forma de “fraqueza”. “Ela [a pessoa] não tem o sofrimento avalizado e não procura ajuda”, diz.

Por outro lado, o especialista afirma que há maior disponibilidade para falar do assunto do que no passado. Segundo ele, discutir abertamente o tema pode auxiliar na diminuição do número de casos.

“Ainda acho que há muito tabu, mas vejo uma disposição maior da sociedade como um todo em falar sobre isso. Estamos indo devagar, mas estamos caminhando”, diz.

Setembro Amarelo foi criado como uma campanha contra o estigma cultural em torno do suicídio. O comportamento é multifatorial e ligado principalmente a transtornos mentais, como depressão, transtorno bipolar e esquizofrenia, além de doenças como câncer, HIV e dores crônicas.

No Brasil, segundo dados do Anuário de Segurança Pública de 2022, uma média de 39 pessoas se suicidam por dia. Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) apontam para cerca de 700 mil casos por ano no mundo, o que representa 1 a cada 100 mortes registradas.

Segundo a OMS, o índice de suicídio caiu nas últimas duas décadas, com a taxa global diminuindo 36%. Nas Américas, porém, o número cresceu 17% no mesmo período.

“Na contramão do mundo, o Brasil vem aumentando ano a ano as taxas de suicídio”, diz Alan Campos. Segundo ele, porém, o dado também é influenciado pela melhora na notificação das mortes por suicídio, informação que nem sempre era colocada como causa do óbito por conta do estigma em torno do tema, segundo o profissional.

Já o psiquiatra Rodrigo Martins atribui o aumento na taxa à falta de políticas de prevenção mais robustas no país.

“A gente fala mais, o que gera busca por tratamento, mas isso não é suficiente para prevenir o suicídio”, diz, acrescentando que o tema deve ser discutido não apenas em um mês, mas no ano todo.


ONDE PROCURAR AJUDA?

Mapa Saúde Mental
Site mapeia diversos tipos de atendimento: www.mapasaudemental.com.br

CVV (Centro de Valorização da Vida)
Voluntários atendem ligações gratuitas 24 h por dia no número 188: www.cvv.org.br

https://www1.folha.uol.com.br/equilibrio/2023/09/por-que-falar-sobre-suicidio-nao-deve-ser-tabu.shtml