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Tarja preta: breve delirar poético

 

Organizadora: Margareth Arrais Van de Pas

Sem futuro e sem esperanças, assim o pintor Wassily Kandisky descreveu a cor preta e seus pontos, mas, contrariando o título “Tarja Preta”, os poemas trazem o grito da alma dos autores, aquilo que está guardado, aquilo que rompe o silêncio. Ser ouvido, amado e respeitado, é um pouco do que pedem os pacientes com distúrbios mentais. Existe um universo de dor e incertezas e esses são os alimentos diários, para ouví-los, senti-los, precisa estar dentro desse universo, não é fácil estar… O terapeuta precisa despir-se de todas as teorias e diagnósticos e buscar o humano perdido, mas ainda presente em suas várias maneiras de demonstrar e sentir, o livro mostra um pouco desse trabalho desenvolvido no CRHD do Hospital Dia do Instituto de Psiquiatria da USP. Cada paciente é um ponto de interrogação, não procuramos o longo histórico hospitalar, mas sim, quem? Quem carrega a dor e o estigma da loucura? Com muito orgulho que apresentamos os primeiros resultados, vozes em forma de poesia, resultado do trabalho da equipe de teatro e poesia do qual faço parte junto com Margareth Arrais Van de Pas. Foi um acordar lento onde se procuram portas para acessar o mundo dos pacientes em situação hospitalar. O trabalho com a oficina de poesia nos surpreendeu, o “abrir do ser…” e os resultados contribuem para a qualidade de vida melhor… Deitar-se ao sol, sem análise, simplesmente se sentir buscando no meio do turbilhão uma resposta… Leiam o livro e conheçam as poesias que ecoam do grito: “ Eu existo..”