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Na TV Brasil/ Caminhos da Reportagem, o psiquiatra Alexandre Azevedo, do IPq explica que a presença da família é fundamental, “principalmente para desmistificar alguns julgamentos em relação aos portadores de transtornos alimentares”.

Caminhos da Reportagem

No AR em 16/01/2022 – 20:00

A cuidadora de idosos Nilcéa de Oliveira acredita que convive com o transtorno da compulsão alimentar há mais de vinte anos, mas só há poucos meses confirmou o diagnóstico. Ela conta que no período mais severo do distanciamento social estava tão assustada que buscou conforto nos alimentos. “Eu não conseguia controlar. Muitas das vezes eu comia sem fome ou senão ficava beliscando o dia inteiro”, desabafa.

Nilcéa de Oliveira faz tratamento para a compulsão alimentar
Nilcéa de Oliveira faz tratamento para a compulsão alimentar – TV Brasil/Reprodução

O psiquiatra José Carlos Appolinario, que coordena o Grupo de Obesidade e Transtornos Alimentares no Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, explica que os gatilhos para a compulsão alimentar estão mais presentes na pandemia: mais tempo em casa, conflitos intrafamiliares, comida estocada, medo, ansiedade, entre outros. Tudo isso agravou a situação de quem enfrenta o problema.

O transtorno da compulsão alimentar é caracterizado pela perda de controle da quantidade de alimentos que se ingere. São episódios de muito exagero, em que a pessoa come até se sentir muito cheia e depois sente culpa e tristeza. Quando isso ocorre pelo menos uma vez na semana por três meses seguidos é o que a psiquiatria chama de transtorno da compulsão alimentar.

As causas são variadas, podendo ser biológicas, genéticas, psicológicas, socioculturais e familiares. Embora homens e meninos também sofram com o problema, a compulsão alimentar é mais comum entre mulheres e meninas, afirma a nutricionista Bia Rique. “Elas têm uma relação mais sofrida com o corpo e com a comida do que os homens”, reflete, e muitas vezes a busca pela magreza gera o efeito contrário do idealizado.

A nutricionista Bia Rique recomenda descontruir a ideia de dieta
A nutricionista Bia Rique recomenda descontruir a ideia de dieta – TV Brasil/Reprodução

“Quanto mais faz dieta, mais tendência a pessoa tem de ter compulsão alimentar”, alerta o psiquiatra Nelson Caldas, do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ. Segundo Caldas, remédios que inibem o apetite são perigosos porque restringem a fome por um período e quando são suspensos, o risco é que a compulsão aumente.

As consequências da compulsão alimentar são diversas, como obesidade, diabetes e depressão. Por isso, o tratamento deve ser multidisciplinar. O Programa de Transtornos Alimentares – AMBULIM – do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, oferecido pelo Sistema Único de Saúde, reúne psiquiatras, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, educadores físicos, entre outros profissionais, para atender os pacientes de forma individual ou em grupo.

O psiquiatra do Ambulim Alexandre Azevedo explica que a presença da família é fundamental, “principalmente para desmistificar alguns julgamentos em relação aos portadores de transtornos alimentares”. Segundo o especialista, de 1,5 a 3,5 por cento da população mundial tem transtorno de compulsão alimentar.

A tecnóloga em Logística, Juliana Maciel, está em tratamento para a compulsão alimentar. Ela encara como um “trabalho de formiguinha”, com seus altos e baixos. “Você leva um bom tempo se tratando, vai ter recaídas, mas não pode deixar a recaída  acabar com o seu tratamento”, aconselha.

Cada vez mais adolescentes são diagnosticados com transtorno da compulsão alimentar, afirma a endocrinologista Paula Pires. Uma dica para os pais é tentar controlar o tempo de exposição às telas. “Muitas vezes a criança nem senta à mesa para comer. Fica na frente da televisão ou celular, já vai comendo ali e nem presta atenção se está com fome ou se não está.”

Paula Pires, endocrinologista
Paula Pires, endocrinologista – TV Brasil/Reprodução

Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o Núcleo de Assistência Nutricional tem ajudado os alunos a organizarem a alimentação levando em conta as suas rendas familiares. A estudante de Farmácia Thaís Matos, que não tem um diagnóstico fechado de compulsão alimentar, mas tinha uma relação problemática com a comida, foi orientada a separar um tempo para comprar alimentos saudáveis e a deixá-los disponíveis em casa. “Era difícil pra mim perceber quando estava comendo por causa das minhas emoções, agora estou conseguindo desenvolver isso”, afirma.

Ficha técnica:
Reportagem: Aline Barbosa
Imagens: Sandro Tebaldi
Auxílio Técnico: Adaroan Barros, Yuri Freire
Equipe SP: Carlos Eduardo Pinotti, Eduardo Domingues, Gilmar Vaz, Jone Ferreira, Priscila Kerche, Sarah Quines.
Produção Executiva: Elisabete Pinto
Edição de Texto: Ana Passos
Edição de Imagem e Finalização: Eric Gusmão, Leonardo Lamad
Videografismo: Eudes Lins, Pamela Lopes

Confira a matéria da TV Brasil/Caminhos da Reportagem.  https://tvbrasil.ebc.com.br/caminhos-da-reportagem/2022/01/compulsao-alimentar-emocoes-no-prato

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