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Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, Daniel Costa, psiquiatra do IPq, atesta que o TOC acomete ao menos 2% da população e se caracteriza pela presença de dois principais sintomas: as obsessões e as compulsões.

Foto: Freepik

Atraso no diagnóstico do TOC traz prejuízos para seu portador e para a família

Desconhecimento da gravidade do transtorno e vergonha dos sintomas são causas para a demora na busca pela ajuda, o que pode levar ao desenvolvimento de outras doenças psiquiátricas

  06/06/2022 – Publicado há 2 meses

Autor: Redação

Arte: Guilherme Castro

Conforme pesquisa do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (HC) da USP, pessoas com TOC, Transtorno Obsessivo-Compulsivo, podem levar pelo menos quatro anos para receber tratamento. Mais de 500 pacientes foram avaliados em oito centros de pesquisa de diferentes regiões do Brasil, especializados no transtorno, e o estudo aponta que as pessoas demoram muito tempo para buscar ajuda.

O que é o TOC?

Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, Daniel Costa, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do HC (IPq), atesta que o TOC acomete ao menos 2% da população e se caracteriza pela presença de dois principais sintomas: as obsessões e as compulsões. As primeiras são preocupações, pensamentos e imagens desagradáveis que invadem a consciência do paciente e se repetem. Já as compulsões são comportamentos repetitivos realizados com o objetivo de aliviar o desconforto provocado pelas obsessões.

“[O TOC] está associado a algum tipo de prejuízo, de impacto. As pessoas acabam se atrasando frequentemente para compromissos e progridem com muita dificuldade nos estudos e na carreira profissional”, informa Costa. Ele também diz que há impactos nos relacionamentos com outros indivíduos.

Ele diz que os aspectos genéticos hereditários são bem definidos no TOC e a doença se agrega à família. Além disso, há um fenômeno chamado acomodação familiar, que é quando a família, que convive intimamente com o portador da doença, desenvolve mudanças de comportamento ou do ambiente de modo a evitar com que ele entre em contato com situações desagradáveis. “Quando a gente fala que é uma doença incapacitante e grave, a gente sabe que isso impacta não só a vida do portador, mas também a dos seus familiares e de pessoas próximas”, declara.

Daniel Costa - Foto: Reprodução/LinkedIn

Daniel Costa, psiquiatra – Foto: Reprodução/LinkedIn

Os impactos da doença na vida do paciente

Um prejuízo associado ao TOC não tratado é o desenvolvimento de outros transtornos psiquiátricos, como a depressão e o Transtorno de Ansiedade Generalizada. Segundo Alice de Mathis, psicóloga e coordenadora do projeto de pesquisa no IPq sobre eficácia da Terapia Cognitivo Comportamental pela internet para tratamento do TOC, existem duas linhas de tratamento, a medicação e a terapia cognitiva comportamental, e é importante fazer uma avaliação para decidir o tipo de tratamento mais adequado para o paciente: “Se for um caso leve, só a terapia comportamental tem um bom resultado. Se o caso for de moderado a grave, aí seria interessante a associação tanto do remédio quanto da terapia”.

A doutora também fala sobre os gatilhos que as pessoas com a doença podem identificar: “Ela [pessoa com o transtorno] sabe que se vai em um lugar cheio de pessoas, ela vai ter mais preocupação, mais sintomas”. Alice cita o sintoma de evitação, o qual se dá quando o paciente evita ir a determinados locais pois sabe que, se ele for, alguns pensamentos podem ser desencadeados. Isso contribui para que ele fique recluso em casa e outras doenças psiquiátricas sejam desenvolvidas.

Diagnósticos e tratamentos

Alice afirma que, dependendo da gravidade dos sintomas da doença, ela passa despercebida pela família. Isso colabora para a demora na busca pela ajuda. Ela ainda diz que o transtorno começa na infância e na adolescência e, observados os sintomas pelos pais, o tratamento deve ser iniciado cedo.

Costa acrescenta a vergonha dos sintomas como um fator determinante para o atraso no diagnóstico: “A grande maioria dos pacientes reconhece os pensamentos como exagerados, absurdos, sem sentido”. “Eles falam ‘Eu sei que a possibilidade, por exemplo, de eu pegar uma doença se eu encostar nessa maçaneta é mínima, mas ainda assim eu não consigo evitar esse pensamento e não consigo evitar ter uma reação emocional desconfortável’”, completa.

Maria Alice de Mathis, psicóloga - Foto: Reprodução/LinkedIn

Maria Alice de Mathis, psicóloga – Foto: Reprodução/LinkedIn

Para finalizar, ele  chama a atenção aos projetos de pesquisa que estão sendo desenvolvidos no IPq e para os quais portadores de TOC e seus irmãos estão sendo recrutados para participar. O e-mail do projeto é protoc.projeto@gmail.com, para os interessados em colaborar com os estudos. Alice também comunica sobre o projeto online de Terapia Cognitivo Comportamental, o qual recebe diagnósticos da doença pelo e-mail protoctcc@gmail.com.

https://jornal.usp.br/atualidades/atraso-no-diagnostico-do-toc-traz-prejuizos-para-seu-portador-e-para-a-familia/