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Jose Gallucci Neto, do IPq,  fala sobre prevenção ao sucicidio. Veja a entrevista na Revista Poder.

 

PRECISAMOS FALAR SOBRE O SUICÍDIO

José Gallucci Neto || Crédito: Reprodução/Arquivo Pessoal

Segundo a OMS, mais de 700 mil pessoas se suicidam no mundo por ano – número que pode chegar a um milhão se considerarmos a subnotificação dos casos. No Brasil, são 38 mortes por suicídio todos os dias

Este domingo (10), é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. No Brasil, estamos em meio à campanha do Setembro Amarelo, que, em 2023, tem o mote “Se precisar, peça ajuda”. A revista PODER online conversou sobre assunto com o médico psiquiatra José Gallucci Neto, que dirige o Serviço de Eletroconvulsoterapia (ECT)  do Instituto de Psiquiatria (IpqQ) da USP .

Qual é o papel dos transtornos mentais no suicídio?
Eles aparecem em 80 a 90% dos casos – sendo que, dentro desse grupo, os transtornos de humor (transtorno bipolar, espectro bipolar e depressão unipolar) são os mais prevalentes e estão presentes em 36% dos casos.

Além dos transtornos mentais, doenças não psiquiátricas crônicas e incuráveis (câncer, esclerose múltipla e Alzheimer, entre outras), que causam sofrimento prolongado, perda da qualidade de vida e, em alguns casos, incapacitação também aumentam o risco.

É preciso pensar no suicídio como uma questão multifatorial, já que envolve fatores individuais, psicológicos, biológicos e ambientais. Aspectos socioeconômicos e psicossociais também entram nessa conta.

O mote da campanha deste é “Se precisar, peça ajuda”. Quando a própria pessoa não consegue fazer isso, como a família deve agir?A família deve ter uma postura acolhedora, mas, se perceber que há um problema, precisa procurar ajuda médica imediatamente – mesmo que isso signifique levar o médico onde o paciente estiver.

Sentimentos de desesperança, desamparo e desespero são sinais de alerta. Entre os jovens, o risco cresce com o abuso de álcool e de substâncias, pois eles aumentam a impulsividade e a incidência de transtornos mentais como depressão e psicose. Tentativas de suicídio anteriores, por sua vez, elevam de cinco a seis vezes o risco de reincidência.

É preciso atentar também para outras duas questões importantes: ideação e planejamento, que o médico investiga durante a consulta, mas, que às vezes, podem ser percebidos pelos familiares. A ideação suicida tem a ver com pensamentos relacionados a isso, como, por exemplo, sentir inveja de alguém que acabou de morrer. O planejamento é um estágio mais avançado e perigoso em que a pessoa efetivamente começa a arquitetar o que precisa fazer para tirar a própria vida.

Quem comete suicídio costuma avisar antes?
Sim. Ainda existe uma falsa crença de que a pessoa que verbaliza a intenção de tirar a própria vida está querendo chamar a atenção para si.  Sabe-se hoje que 80% das pessoas que cometem suicídio procuraram ajuda médica cerca de quatro semanas antes da tentativa. É preciso pensar no suicídio como uma questão ambivalente e que gera grande sofrimento, já que uma parte da pessoa considera a morte como um alíviopara seu martírio, enquanto a outra quer continuar a viver.