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Fernando Asbahr, do IPq, comenta o estudo sobre aumento de problemas emocionais . Confira na Folha/Uol

Jovens dos anos 2000 têm sintomas de ansiedade e depressão mais cedo que os de 90

Problemas emocionais surgem por volta dos 9 anos e têm um pico aos 14, mostra estudo europeu; pais devem ficar atentos com mudanças de comportamento

14.set.2023 às 8h35

Gabriela Cupani
AGÊNCIA EINSTEIN

 

Crianças e adolescentes estão apresentando sintomas de ansiedade depressão mais cedo e com uma duração mais prolongada do que há dez anos. Isso é o que revela um estudo inédito que avaliou a mudança geracional dos transtornos mentais, recém-publicado no The Lancet e conduzido pelas universidades de Cardiff, Edimburgo e Bristol, no Reino Unido.

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Geração dos anos 2000 começou a apresentar problemas emocionais a partir dos 9 anos de idade – Oksana Stepova/Adobe Stock

 

Os autores compararam dados de dois grupos avaliados com uma diferença de dez anos: o primeiro com cerca de 10 mil indivíduos nascidos entre 1991 e 1992 e o segundo com quase 18 mil nascidos entre 2000 e 2002. Os estudos utilizaram questionários sobre as dificuldades e habilidades das crianças e jovens, capazes de mapear uma série de sintomas de transtornos emocionais. Isso inclui sentimentos como nervosismo e medo, bem como sintomas físicos, como dor de estômago. As perguntas foram respondidas pelos principais cuidadores em diversos momentos da infância e adolescência.

Ao avaliar os dois grupos, os pesquisadores observaram que aqueles nascidos nos anos 1990 mantiveram uma estabilidade emocional até bem depois do início da adolescência. Por outro lado, a geração dos anos 2000 começou a apresentar problemas emocionais a partir dos 9 anos de idade, com um pico por volta dos 14 anos. As meninas foram as mais afetadas.

“O estudo tem um rigor metodológico e apresenta informações que a gente vem observando na prática clínica”, diz Fernando Asbahr, coordenador do Ambulatório de Ansiedade na Infância e Adolescência do Instituto de Psiquiatria da USP (Universidade de São Paulo).

“Embora os dados obtidos – o aumento de problemas emocionais – não representem necessariamente diagnósticos de transtornos depressivos e ansiosos, sem dúvida eles sugerem que houve uma mudança nas gerações”, completa o especialista.

Vários estudos mostram um aumento dos casos de transtornos mentais após a pandemia da Covid-19, principalmente por conta do isolamento social. Além disso, o artigo aponta fatores como mudanças no estilo de vida, uso de tecnologia, questões de imagem corporal e pressões acadêmicas, além do aumento da desigualdade social.

“O estresse crônico é um gatilho conhecido para os problemas de saúde mental”, diz Asbahr. “Isso é pior quando há persistência de fatores estressantes em uma idade em que a pessoa é mais vulnerável.”

Segundo o especialista, é preciso ficar atento a mudanças de comportamento ou quando a pessoa está diferente do que costuma ser e que são duradouras. “Se está mais isolado, mais recluso, mais irritado, se perde interesse pelas coisas que fazia antes ou por encontrar amigos. Ou quando apresenta medos exagerados que limitam a vida social”, exemplifica. Na dúvida, a orientação é sempre procurar ajuda especializada.

https://www1.folha.uol.com.br/equilibrio/2023/09/jovens-dos-anos-2000-tem-sintomas-de-ansiedade-e-depressao-mais-cedo-do-que-os-da-decada-de-90.shtml