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Rosa Hasan, do IPq,  explica que existem diferentes fatores que podem explicar o desenvolvimento da insônia em algumas pessoas, em matéria da Jornal da USP.

Remédios para insônia devem ser utilizados apenas com acompanhamento médico

Rosa Hasan avalia que receitas mais controladas são importantes para uma melhor avaliação acerca de quem precisa tomar remédios

  Publicado: 14/11/2023
Especialistas têm observado o aumento dos distúrbios do sono, dentre eles a insônia, e com isso também se constatou o aumento no uso de remédios para dormir – Imagem: Freepik

Cerca de 73 milhões de brasileiros apresentam algum distúrbio relacionado ao sono, de acordo com estudos realizados pela Associação Brasileira do Sono (ABS). Apesar de ser comum, especialistas apontam que o problema vem aumentando nas últimas décadas e apresenta influência direta de alguns aspectos, como idade, gênero e posição socioeconômica.

Entre os diferentes problemas associados ao sono, encontra-se a insônia, que é marcada pela dificuldade de manutenção do sono contínuo durante a noite e pelo aumento da latência do sono — período que o indivíduo demora para começar a dormir. Assim, as pessoas que sofrem com essa condição costumam se sentir cansadas, mal-humoradas e sonolentas ao longo do dia.

Rosa Hasan, médica e coordenadora do Laboratório e Ambulatório do Sono do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (FM) da USP, explica que existem diferentes fatores que podem explicar o desenvolvimento da insônia em algumas pessoas. Atualmente, o principal motivo são as doenças mentais ou psiquiátricas, como a depressão e a ansiedade.

Origem e consequências

A insônia pode se apresentar, inicialmente, como um sintoma dessas doenças e, em alguns casos, pode se desenvolver como uma doença crônica. Nesses casos, mesmo que o sujeito trate de outros problemas a partir de terapias e medicação, é comum que a insônia permaneça. “Outras causas que favorecem a pessoa a dormir mal são: não ter uma rotina adequada de sono, trabalhar em turno, estresse e maus hábitos de sono de uma forma geral”, comenta a especialista.

Rosa Hasan – Foto: ResearchGate

Atualmente, pesquisas apontam que, além de acontecer com um maior número de pessoas, a insônia tem atingido um grupo etário mais novo. Rosa avalia que isso acontece em decorrência de uma juventude que faz o uso exacerbado das redes sociais, fator que deixa o jovem superestimulado na hora de dormir.

A falta de sono apresenta consequências diretas na vida daqueles que sofrem com ela, dessa forma, um dos problemas imediatos que podem ser observados nesse cenário é a não capacidade de desempenhar algumas funções ao longo do dia. “Se isso acontece uma noite ou outra, não tem problema. Contudo, no momento em que isso fica crônico e que passa a acontecer na maioria das noites, há um impacto no desempenho acadêmico, profissional, no humor e toda a parte cognitiva pode ficar um pouco prejudicada”, adiciona a médica.

A insônia crônica também está diretamente relacionada com maiores riscos de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e de enfraquecimento do sistema imunológico.

Uso de medicação 

Com o aumento dos casos, especialistas passaram a observar também o aumento do uso de medicamentos para tratar essa doença. Assim, entre os diferentes remédios utilizados no tratamento desse problema, encontra-se o Zolpidem — fármaco que está disponível no mercado há mais de 30 anos, mas que passou a ser utilizado com maior frequência na última década.

Sobre seu uso, Rosa Hasan explica que a automedicação não deve ser feita em nenhum cenário, nem mesmo para o consumo de medicamentos como antialérgicos e melatoninas, já que todos os remédios apresentam efeitos adversos e consequências específicas para cada indivíduo.

“Existe uma classe de remédios muito gostosa de tomar, por exemplo, o Zolpidem e essa classe de indutores do sono, calmantes e benzodiazepínicos que realmente melhoram, em um primeiro momento o sono da pessoa, apresentam o risco de causar uma dependência”, avalia a médica. Assim, pode ocorrer de os sujeitos passarem a usar esses medicamentos de forma crônica.

O tratamento padrão para o combate à insônia não é feito com a utilização de remédios, mas com tratamento psicológico e comportamental, contudo, esse tipo de terapia não é conhecida ou acessível para uma boa parcela da população. Esse tipo de acompanhamento é importante para que o médico especialista possa compreender a origem e os motivos de manutenção da insônia — que são únicos para cada paciente.

Individualização 

Em alguns casos, a utilização de medicamentos é necessária, mas a sua receita é feita de forma individualizada e com um acompanhamento constante por parte dos especialistas. Rosa avalia ainda que medicamentos como o Zolpidem são muito atraentes por apresentarem uma meia-vida curta, assim, ele é atraente por, normalmente, não deixar uma ressaca em quem o está utilizando.

A médica explica ainda que medicações desse tipo perdem o efeito após algumas horas. Com isso, conforme o indivíduo utiliza o remédio uma tolerância a ele é criada, fazendo com que se tenha que tomar doses cada vez mais altas para obter o mesmo efeito de indução do sono. Por esse motivo, pessoas que já apresentam um histórico de dependência com outros remédios não são recomendadas a fazerem esse uso, sendo recomendada a utilização de outras classes de medicamentos.

Para melhorar esse cenário, Rosa considera que seria possível trocar a atual receita desses medicamentos por uma mais controlada, fator que diminuiria a sua prescrição. Além disso, é importante que os especialistas indiquem aos leigos no assunto que o uso corriqueiro desse tipo de medicamento deve ser evitado.

*Estagiária sob supervisão de Paulo Capuzzo e Cinderela Caldeira

Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar é uma parceria da Rádio USP com a Escola Politécnica e o Instituto de Estudos Avançados. No ar, pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h e às 16h45. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular.


 

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https://jornal.usp.br/radio-usp/remedios-para-insonia-devem-ser-utilizados-apenas-com-acompanhamento-medico/