Carmita Abdo, psicoterapeuta de casal, psiquiatra e professora da (FMUSP) fala sobre eventos de festa de divórcio, em matéria da Revista Casa e Jardim. Confira!
Festa de divórcio: saiba mais sobre a comemoração que virou tendência
O evento pode, sim, ser leve e divertido. Como em um casamento convencional, tem direito a convite, uma bela decoração, mesa de bolo, lembrancinhas, música e outras atrações
Por
Ana Sant’Anna
A festa de divórcio pode causar uma certa estranheza. Afinal, além de pouco difundida no Brasil, o primeiro pensamento que se tem ao ouvir sobre evento é se tratar da comemoração do término de um casamento.
“Fiz minha primeira festa de divórcio em 2009. Depois foi a vez da Bodas de Papel Rasgado, que fez menção à data que comemora 1 ano de casamento. Já a terceira festa ocorreu 1 ano depois da segunda”, diz Meg.
Como a promotora trabalha com eventos, pesquisou e descobriu que nos Estados Unidos, no Japão e no Canadá esse tipo de evento é muito comum. “Então, pensei, por que não aderir e, de quebra, ainda expandir meus negócios?”, afirma. Deu certo. Atualmente, a profissional chega a fazer até 20 festas com o tema por mês, em todo o Brasil.
Geralmente, quando são festas menores, realizadas em residências para 20 ou 50 convidados, levam o nome de “Chá de Divórcio”. Já as oferecidas em casas de eventos, que chegam a ter de 300 a 500 convidados, são conhecidas como “Festa de Divórcio” ou “Festa de Descasamento”.
Em todas, entretanto, não podem faltar convite, uma bela decoração, mesa de bolo, lembrancinhas, música ou outras atrações, como gogo boys e drag queens. “Normalmente, a decoração da festa é preta e os docinhos, batizados por mim de bem-separados, são embrulhados em papel crepom da mesma cor”, detalha Meg. O bolo, com uma fenda no meio, é outro item fundamental neste tipo de reunião.
Como vestimenta, a descasada costuma usar um vestido sensual roxo ou preto, com um buquê na mesma cor. Assim como em festas convencionais de casamento, a anfitriã joga o buquê para as amigas solteiras. O significado dado a quem pega as flores, no entanto, é diferente: “A amiga que pegar o buquê será dada a sorte de aproveitar da melhor maneira a solteirice”, explica Meg, que encara a celebração com bom humor.
Para Carmita Abdo, psicoterapeuta de casal, psiquiatra e professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e também autora de oito livros sobre sexualidade, este tipo de evento pode, sim, ser leve. Desde que as partes estejam bem resolvidas.
“Se a festa for dada depois que as feridas cicatrizaram, para comemorar o fechamento de um ciclo, compartilhar com a sociedade a superação da separação e agradecer a presença dos amigos e familiares que estiveram por perto durante o casamento, pode ser um ritual de passagem saudável”, diz a psicoterapeuta.
Mas caso seja para provocar o ex-parceiro ou tiver uma conotação de quem se livrou de um mal e está aliviado com isso, a festa pode acabar gerando um sentimento de desconforto e até raiva na outra parte. Por isso, antes de decidir pela comemoração, é importante avaliar a sua intenção e se está, de fato, bem resolvido internamente.
“Muitas vezes houve a separação física, mas não a emocional. Quem está promovendo a festa pode estar em um processo de fuga, querendo passar por cima do sofrimento. Neste caso, basta acabar a festa para voltar o sentimento de tristeza e uma sensação de vazio”, explica Carmita.
Outro ponto a ser considerado é quanto tempo depois da separação deve ser feito o evento. “Fiz a minha primeira festa após um mês da assinatura dos papéis da separação. Mas considero que estava bem resolvida emocionalmente”, conta Meg.
A psicoterapeuta Carmita alerta que nem sempre é assim. “Habitualmente, a separação no papel não ocorre no mesmo tempo de o processo finalizar emocionalmente. Muitas vezes depois do divórcio legal, as partes ainda estão ‘doloridas’. É preciso respeitar o tempo de cada um”, conclui.