A pesquisa foi realizada no Laboratório de Neurociências – LIM 27, do Instituto de Psiquiatria do HC-FMUSP sob orientação do Dr. Wagner Gattaz e tem como principal objetivo buscar marcadores sanguíneos que possam auxiliar no diagnóstico das doenças psiquiátricas (Doença de Alzheimer, esquizofrenia e transtorno bipolar), bem como na compreensão do que pode estar alterado biologicamente nestas doenças.
Alana Costa, pesquisadora do LIM 27, recebe financiamento da FAPESP para desenvolver seu trabalho e vem trabalhando junto com a equipe desde 2016 no campo da ciência chamado metabolômica, que estuda no sangue pequenas moléculas (metabólitos) que desempenham inúmeras funções biológicas em nosso corpo. O estudo foi realizado em dois grupos: idosos e jovens. Foram encontradas diversas alterações nos metabólitos dos indivíduos que tinham um risco aumentado para desenvolver transtornos psiquiátricos. Com isso, foram criados dois painéis de biomarcadores com valores de referência para demências e psicoses utilizando métodos estatísticos robustos. Esse modelo consegue predizer com 75% de acurácia os indivíduos idosos que podem desenvolver doença de Alzheimer e com 87% indivíduos que podem desenvolver esquizofrenia e transtorno bipolar. E, assim, define o perfil metabólico de cada uma destas doenças. Atualmente, a pesquisadora está trabalhando na validação destes resultados.
Os principais resultados da pesquisa confirmam que as doenças neuropsiquiátricas apresentam alterações biológicas específicas para cada transtorno e essas alterações podem ser úteis para caracterizar processos determinantes dos quadros psiquiátricos e auxiliar no diagnóstico precoce. “No caso de indivíduos idosos, vimos que as alterações já ocorreram antes da progressão da doença e, aplicando esse modelo, podemos identificar a doença numa fase inicial dos déficits cognitivos, podendo-se predizer a conversão para um quadro demencial.” Costa ressalta que é possível adotar tratamentos mais específicos de acordo com o prognóstico, visando a melhoria na qualidade de vida do paciente. “No caso de jovens adultos, a discriminação diagnóstica entre esquizofrenia e transtorno bipolar logo no início das manifestações psicóticas é de grande importância uma vez que ambas podem ter sintomas similares e a distinção na fase inicial da doença pode levar a um tratamento específico com mais chances de sucesso na remissão dos sintomas e, também, melhoria na qualidade de vida dos pacientes.”
Estes trabalhos já foram publicados em revistas científicas consagradas da área de psiquiatria e os pesquisadores seguem trabalhando para que o diagnóstico das doenças psiquiátricas seja mais preciso e antecipado, visando sempre a melhoria da qualidade de vida dos pacientes.
Mais informações: Alana Costa, pesquisadora do LIM 27, e-mail: alanacosta@usp.br